Texto publicado no adital, do teólogo José Antonio Pagola, que escreveu o belíssimo livro - simples e profundo - adeuqado para pessoas iniciadas na fé e para o catecismo inicial - JESUS, UMA APROXIMAÇÃO HISTÓRICA. Aproveitem!
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 1, 40-45, que corresponde ao 6º
Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol
José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
AMIGO DOS EXCLUÍDOS
Jesus era muito sensível ao sofrimento de quem
encontrava no Seu caminho, marginalizados pela sociedade, desprezados
pela religião ou rejeitados pelos setores que se consideravam superiores
moral ou religiosamente.
É algo que Lhe sai de dentro. Sabe que Deus não discrimina ninguém. Não rejeita nem excomunga. Não é só dos bons. A todos acolhe e bendiz. Jesus tinha o hábito de levantar-se de madrugada para orar. Em certa ocasião revela como contempla o amanhecer: "Deus faz sair o Seu sol sobre bons e maus". Assim é Ele.
É algo que Lhe sai de dentro. Sabe que Deus não discrimina ninguém. Não rejeita nem excomunga. Não é só dos bons. A todos acolhe e bendiz. Jesus tinha o hábito de levantar-se de madrugada para orar. Em certa ocasião revela como contempla o amanhecer: "Deus faz sair o Seu sol sobre bons e maus". Assim é Ele.
Por isso, por vezes, reclama com força que cessem
todas as condenações: "Não julgueis e não sereis julgados". Outras,
narra pequenas parábolas para pedir que ninguém se dedique a "separar o
trigo e o joio" como se fosse o juiz supremo de todos.
Mas o mais admirável é a Sua atuação. O rasgo mais
original e provocativo de Jesus foi o Seu hábito de comer com pecadores,
prostitutas e gente indesejável. O fato é insólito. Nunca se tinha
visto, em Israel, alguém com fama de "homem de Deus" comendo e bebendo
animadamente com pecadores.
Os dirigentes religiosos mais respeitáveis não o
puderam suportar. A sua reação foi agressiva: "Aí tendes a um comilão e
bêbado, amigo de pecadores". Jesus não se defendeu. Era certo. No mais
íntimo do Seu ser sentia um respeito grande e uma amizade comovedora
para com os rejeitados da sociedade ou da religião.
Marcos recolhe no seu relato a cura de um leproso
para destacar essa predileção de Jesus pelos excluídos. Jesus atravessa
uma região solitária. De repente aproxima-se um leproso. Não vem
acompanhado por ninguém. Vive na solidão. Leva na sua pele a marca da
sua exclusão. As leis condenam-no a viver afastado de todos. É um ser
impuro.
De joelhos, o leproso faz a Jesus uma súplica
humilde. Sente-se sujo. Não lhe fala de doenças. Só quer ver-se limpo de
todo estigma: «Se queres, podes limpar-me». Jesus comove-se ao ver a
Seus pés aquele ser humano desfigurado pela doença e o abandono de
todos. Aquele homem representa a solidão e o desespero de tantos
estigmatizados. Jesus «estende a Sua mão» procurando o contato com a sua
pele, «toca-lhe» e diz-lhe: «Quero. Ficar limpo».
Sempre que discriminamos a partir da nossa suposta
superioridade moral a diferentes grupos humanos (vagabundos,
prostitutas, toxicómanos, sidoticos, imigrantes, homossexuais...), ou os
excluímos da convivência negando-lhes o nosso acolhimento, estamos a
afastar-nos gravemente de Jesus.
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