Marcos
15, 1-39
Minhas irmãs, meus
irmãos, Estamos num momento solene e, podemos dizer, de transição
entre a Quaresma e a Semana da Páscoa, festa maior do cristianismo,
em que a memória de sua morte é feita, assim como de sua
ressurreição.
Chegamos ao domingo de
Ramos, aquele que nos lembra uma frágil figura montada num burrico
que entra na poderosa Jerusalém.
Os textos escolhidos hoje
pela igreja nos mostra um jesus entregue pelo Sinédrio a pilatos
para ser condenado sob a acusação de ser o Rei dos judeus (e não
de Israel), titulo carregado de ironia pois Israel não tinha Rei nem
podia tê-lo, mas também para afastar qualquer iniciativa de
enfrentamento com o Império Romano e mesmo com o Templo.
Interessante notar que também aqui Jesus é tentado, agora pelos
poderosos e seu séquito de soldados, a mostrar seu poder através de
sinais e a demonstrar a Sua força, a deixar claro que era o Messias
esperado.
Ocorre, porém, que o
Messias do burrico não quis, nem quer, demonstrar seu poder ,mas seu
amor. Um Messias poderoso, por mais justo que fosse, não
transformaria a sociedade, as relações sociais, institucionais e
pessoais com a profundidade e a radicalidade que Ele nos pede como
seus seguidores. O caminho da cruz, em sua época assim como
permanece sendo hoje, é o resultado – não querido, mas assumido –
esperado por todos os que abraçam o compromisso desafiador do
profetismo, compromisso concreto e objetivo com os esquecidos pela
sociedade. O Deus de Jesus nos pede que assumamos o serviço a todos,
até aos servos e mais humildes. Não nos quer no topo da sociedade,
das Igrejas ou como vitoriosos. Nos quer, tenho certeza,
preferencialmente assumindo de forma discreta e humilde Seu caminho e
sua prática de dar de comer aos famintos, socorrendo aos sofridos,
amando a todos e a todas. Que os cristãos, seus ministros e suas
Igrejas sirvam e não sejam servidos, amem e não sejam amados.
Jesus quando fala “Deus
meu, Deus meu porque me abandonaste”, sente e assume as dores e
dramas da humanidade toda, maltratada e injustiçada, sem esperanças
e sem sentir Sua presença.
Nesta semana temos a
oportunidade de refletir ainda mais sobre os dramas humanos
irresolutos para que possamos nos preparar para a quinta feira santa,
onde Jesus faz serviço de escravo e do mais baixo escravo e aponta
este caminho como o único para a felicidade, e para a alegre
ressurreição da Páscoa.
Temos a certeza que Deus
ressuscitou a Jesus. Hoje ele nos pede que ressuscitemos a humanidade
ferida de morte pelo agir de sua igreja e de seus cristãos a levar a
Boa Nova, e a salvação,inclusive corporal, a tantos e tantas que
fenecem pelas ruas e becos desta cidade e deste mundo. Sabemos de
nossos inúmeros limites, imensas fraquezas e fragilidades pessoais.
É real e concreto, palpável! Sabemos, porém, que a Graça
misericordiosa nos toca, abraça, acolhe e acalanta de forma a
possibilitar que, milagrosamente, possamos fazer seu serviço e
manifestar seu amor e sua presença em nosso meio.
Que Deus permita que
possamos ser dignos de estar a seu serviço e de poder ver e
experimentar deste amor inefável espalhado e transbordando em cada
irmão e irmã, em cada casa, em cada olhar, em cada corpo.
Que assim seja. Amém!
Nenhum comentário:
Postar um comentário