Esta fala foi feita neste fim de semana. O texto não está redondinho, mas creio que dá para nortear uma boa reflexão...
Miquéias 4, 1 - 5 Atos dos Apóstolos 4, Lucas
Comecemos hoje pelo texto de Miquéias, onde relata que os povos vão à
Casa de Deus, onde Iahweh ensinará seus caminhos e caminharemos pelas suas
vias. Estes caminhos e vias significarão a construção da paz efetiva, assim
como a possibilidade de “cada qual se sentará debaixo de sua vinha e debaixo de
sua figueira, e ninguém o inquietará...” Lembremo-nos que o acesso à vinha e à
figueira apontam para a posse da terra, que em uma sociedade rural significa a
garantia de ter acesso aos bens necessários para assegurar a vida. Significa,
então, justiça para todos.
No segundo texto os apóstolos estão em julgamento perante os poderosos
despidos de poder - e o texto realça que eram eles iletrados e sem posição
social – para responder em nome de quem e com que poder foi feito a cura /
salvação do enfermo. É em nome de Jesus cristo, o nazareno, o crucificado, o
ressuscitado. É no nome do desprezado, é em Sua presença que a salvação nos
vem, também hoje. É ainda hoje, o caminho, a verdade e a vida, vida plena para
todos.
Em Lucas, logo que Jesus aparece ressuscitado ele os saúda com a Paz /
Shalom, que não é abstrata, mas integral, que envolve corpo e a vida toda.
Imediatamente Jesus ostra suas mãos e seus pés e mostra toda sua concretude e
corporalidade como ressuscitado. Não é um fantasma! O ressuscitado de Nazaré
come o peixe oferecido na intimidade e partilha da refeição compartilhada.
Notemos que ele se apresenta à comunidade reunida – e não apenas a seu líder.
Juntos, no amor e na partilha, assim como na eucaristia, podemos receber a
Graça de perceber Sua presença e alimentarmo-nos para o serviço aos sofridos –
a Glória manifestada de Deus.
A ressurreição de Jesus atesta que Jesus, o nazareno, o galileu, o
desprezado, o crucificado era sim o Messias, o servo Sofredor, que nos convoca
a seu caminho, o caminho da cruz e do serviço. Vale aqui lembrar que a primeira
vez que apareceu o termo ressuscitado na Bíblia é em 2 Macabeus, 7, sendo
entendido como prêmio dos justos, ligado, portanto, a uma vida e um compromisso
social e não às qualidades heroicas ou especiais de um indivíduo. Jesus, o
ressuscitado, é o testemunho que o desprezado, o galileu, o crucificado e sua
vida de serviço é a expressão visível do agir de Deus, é a assinatura
reconhecida de que é o Messias.
Com a mente aberta e o Jesus verdadeiro e crucificado reconhecido as
Escrituras – e só então isto é possível – podem ser lidas e entendidas, amadas
e vividas.
Meus irmãos, minhas irmãs, o Pai nos envia seu Espírito em Pentecostes
para sermos suas testemunhas vivas de que o pecado pode ser remido, de que
podemos e devemos testemunhar uma vida animada pelo Espírito e pelo Amor –
revelado e experimentado em Jesus Cristo na comunidade.
Possamos também nós nos reconhecer nesta comunidade, possamos reconhecer
e experimentar o Cristo ressuscitado, possamos partilhar nossos bens, nossas
vidas, nossos corpos, para que todos sintam o sabor da justiça, da vida da
ressurreição.
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