Ezequiel
2, 1-7 II Corintios 12, 2-10 Marcos 6, 1-6
Ezequiel
era sacerdote do templo e estava entre aqueles que foram aprisionados em 597 a.
C., quando da primeira destruição do Templo pelo Império babilônico. Pertencia
à classe dirigente de Jerusalém, mas passa por uma profunda crise de fé em
função da mudança de sua condição social e religiosa. Tornou-se profeta da
primeira geração de deportados e também
o primeiro fora da terra de promessa.
É chamado a falar a estes deportados e mostrar que Iahweh residia também ali,
no exílio, em meio à gente subjugada por um império opressor.
No
texto lido hoje este sacerdote, desprovido de poder, é chamado por Deus a
pregar, quer escutem – quer não escutem. Sem templo, sem poder, sem salário,
movido por amor a Deus e aos seus. Movido não por anseio de vitórias,
conquistas, status, poder, mas pelo espírito de serviço amoroso a todos, que
caracteriza o sacerdócio verdadeiro – aquele que todos, pelo batismo, somos chamados
a exercer. O sacerdócio é um chamado a todos, um chamado a ser testemunho da
ressurreição – a vida vence a morte – do Cristo amado e experimentado , que nos
leva a viver uma vida que faça diferença, que faça diferente, que se faça vida
para todos.
Na
segunda carta aos Corintios Paulo gloria-se em sua fraqueza. Se compraz nas
fraquezas, necessidades, perseguições, angústias pela causa de Cristo. “Quando
sou fraco, então é que sou forte”, diz Paulo.
Nos
dias de hoje os homens – e até os discursos nas igrejas – apregoam o poder, a
força. Paulo, porém, exalta a simplicidade da fragilidade, aquela que nos
humaniza, nos aproxima dos desvalidos, dos enfermos, dos que sofrem.
Jesus,
em seu evangelho, mostra que já naquela época sua mensagem não era compreendida.
E, no Evangelho de Marcos é a última vez em que entra em uma sinagoga. Por todo
o restante do evangelho Ele perambula pelas ruas, casas, pelos pontos de
encontro, pelo deserto. Jesus mostra, pela sua fala e pelo seu agir, que Deus
deve falar ao coração do homem e de cada homem, á vida toda deste homem, em
todos seus aspectos.
Jesus,
de fato, não quer que o adoremos num culto. O culto é lugar de encontro,
estudo, animação, celebração, de fraternidade, de vida em comum, de repartir o
pão, de Eucaristia. Esta Eucaristia – de partir o pão, de doação de corpo e
sangue – dele e nosso – deve ser vivida em nosso dia a dia, por onde quer que
andemos. Jesus quer o seguimento, seguir seus passos, suas atitudes, sua
doação, sua vida. E, sabemos, na época de Jesus isso significava cuidar das
viúvas, dos órfãos, dos estrangeiros, dos sem proteção, sem vida. Hoje quem
serão? Onde somos chamados a estar e a
levar a Boa nova?
Somos
e nos sentimos fracos, incompetentes, frágeis, em especial se pensamos em agir
sozinhos ou confiarmos em nossas próprias forças, sem o apoio e o animo dos
irmãos. Aí nos reconhecemos como quase nada.
Esta
fragilidade, porém, quando a serviço de Deus, é capaz de mover montanhas,
acariciar mentes, iluminar corações, transformar vidas. A cada dia degustar a Palavra
de Deus , doce e exigente, sentir seu sabor e sua delicia. No amor a Sua palavra
e à Sua pessoa a manifestar-se nos encontros salvífico que temos encontramos a
real possibilidade de sermos felizes.
Possamos
reconhecer que somos todos pequenos, frágeis e passageiros. Oremos para ter a
Graça de vivermos Sua presença em nosso meio como serviço alegre e afetuoso. Que
nossos passos, olhares e nossa presença seja sacramento e sinal de eternidade
no mundo.
Que
assim seja.
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