APRESENTAÇÃO

Textos e silêncios pretende ser um espaço reflexivo ecumênico, fundamentalmente voltado para a vida concreta das pessoas a partir de textos e livros, mas também do caminhar contemplativo e meditativo, da vivência amorosa e solidária dos que, de alguma forma, partilharam comigo suas vidas, dores, sofrimentos e esperanças. A eles - e a vocês - devo a minha vida, o olhar que desenvolvi de existência e a experiência cristã do encontro com o Cristo servidor que nos salva. A eles sou devedor, minha eterna gratidão.

sábado, 7 de abril de 2012

Pai, nas tuas mãos entrego o meu espirito


Reflexão apresentada em celebração da Diocese Episcopal Anglicana de São Paulo por ocasião da sexta feira santa.

Queridos irmãos, queridas irmãs,
O Espírito aqui descrito é, em grego, pneuma. Trata-se, portanto, de algo profundamente impregnado e interlaçado na humanidade e na própria corporalidade de Jesus. Espírito que é vento, respiração, força vital e processo dinâmico que molda o interior do ser humano. Jesus, que fora tentado no deserto a mostrar sua face poderosa, acabara de ser novamente tentado por Pilatos e seus soldados a se livrar milagrosamente de forma a demonstrar uma face manifestadamente poderosa. Ocorre que o Deus de Jesus, aquele da cruz, não é manifestado no poder, mas no serviço – como nos lembra a celebração de quinta feira santa – e serviço dos mais humildes escravos, condição e caminho para a felicidade humana.No momento em que a mensagem de Jesus é difundida como vitoria e e conquistas de desejos egoístas, a igreja deve lembrar, relembrar e testemunhar em todas as formas e ocasiões que seu caminho é o da cruz, do serviço radical, caminho de discipulado e de felicidade.  A entrega de Seu Espírito é apenas a última e derradeira entrega de todo o seu Ser ao Pai que lhe ressuscitará.
No momento em que há tantos e tantas esquecidos, oprimidos, sofridos e marginalizados – aqui e por todo o mundo – que carecem de esperanças, significados e condições dignas de vida, possamos também nós entregarmos nosso Espírito – corpos, braços, pernas e sobretudo nosso coração – para levar Sua mensagem e –mais do que isto – sermos, por onde andarmos e olharmos, Evangelho / Boa Notícia.
Nós, como Igreja, comunidade amorosa e humilde seguidores do Cristo Sofredor ressuscitado possamos, nesta Páscoa e pela eternidade testemunhar seu amor, ressurreição e Presença.
Que a graça de Deus nos ampare, guie e encoraje, sempre fiéis a Seu caminho.
Que assim seja, Amem.

SILÊNCIO

Reflexão feita em 2011 pelo querido Frei Vicente, dominicano e exprovicial da ordem no Brasil. Será que não ewstamos precisando resgatar a importância do silêncio e do contempar em nossas vida cotidiana?

O Silêncio na Ordem Dominicana

 

Fazem parte da vida regular todos aqueles elementos que constituem a vida dominicana e a regulam mediante a disciplina comum. Entre eles destacam-se a vida comum, a celebração da liturgia e a oração privada, o cumprimento dos votos, o estudo assíduo da verdade e o ministério apostólico, a cujo fiel cumprimento nos ajudam a clausura, o silêncio, o hábito e as obras de penitência. (LCO 40)
Os irmãos devem diligentemente guardar silêncio, sobretudo nos lugares e tempos destinados à oração e ao estudo; é, com efeito, a defesa de toda a observância e contribui sobremaneira para a vida religiosa interior, para a paz, para a oração, para o estudo da verdade e para a sinceridade da pregação. (LCO 46 § I)

Como podemos observar através destas normas no Livro das Constituições, o silêncio faz parte da nossa vida dominicana. Aliás, o silêncio é ligado com o lema da Ordem “contemplare et contemplata aliis tradere”, contemplar e passe aos outros o que é contemplado. Acreditamos que para chegar a contemplar na oração e no estudo é necessário o silêncio. Só o silêncio cria ambiente para fazer isso. Hoje vivemos numa sociedade barulhenta. Observamos que o ser humano hoje tem dificuldade ficar em silêncio. Chega em casa liga a TV ou procura o facebook para bater papo, entra no carro liga o rádio, vai caminhar liga o fone no ouvido. Parece que tem medo do silêncio. E nós muitas vezes entramos também na mesma onda.

Para nós da Família Dominicana o silêncio é necessário para pregar. São Domingos nos ensina que como preparação para falar de Deus é necessário antes falar com Deus na oração e no estudo em silêncio. O silêncio ajuda a mente refletir e estar sensível á realidade, permitir a mente estar mais calma e concentrada sem stress, conhecer a si mesmo e a Deus, sonhar sobre ideais na vida, descansar a cabeça do barulho cotidiano... Admiro muito leigos e leigas que, de vez em quando, procuram casas de retiros afastados das cidades para descansar e rezar. São lugares, como eles confessam, onde podem encontrar Deus. De fato, o que é o silêncio para mim dominicano? É um tesouro!