APRESENTAÇÃO

Textos e silêncios pretende ser um espaço reflexivo ecumênico, fundamentalmente voltado para a vida concreta das pessoas a partir de textos e livros, mas também do caminhar contemplativo e meditativo, da vivência amorosa e solidária dos que, de alguma forma, partilharam comigo suas vidas, dores, sofrimentos e esperanças. A eles - e a vocês - devo a minha vida, o olhar que desenvolvi de existência e a experiência cristã do encontro com o Cristo servidor que nos salva. A eles sou devedor, minha eterna gratidão.

sábado, 30 de junho de 2012

Milhares de pessoas apoiam a “resistência pacífica” de Lugo


CEBI

Milhares de pessoas apoiam a “resistência pacífica” de Lugo

Sexta-feira, 29 de junho de 2012 - 10h19min
Aumenta a tensão no Paraguai. Após a destituição do ex-presidente Fernando Lugo pelo Senado na sexta-feira passada, o temido banho de sangue que muitos pressentiam em Assunção não se produziu. Os escassos 5.000 manifestantes que se haviam reunido sob a vigilância de franco-atiradores na Praça do Congresso, voltaram para suas casas. Mas seus seguidores voltaram às ruas e se organizaram sob uma Frente Nacional para a Defesa da Democracia. O ex-bispo Fernando Lugo convocou 10 de seus ex-ministros para ativar uma espécie de Governo paralelo e no dia seguinte anunciou que irá percorrer o país para explicar como foi destituído.
Enquanto isso, em Washington reuniu-se de forma extraordinária e durante quatro horas o Conselho Permanente da Organização de Estados Americanos (OEA) para estudar a possível adoção de medidas. Finalmente, o secretário-geral do organismo, José Miguel Insulza, anunciou que enviará uma missão especial ao Paraguai e outros países da região para avaliar a crise política e informar depois o Conselho Permanente do organismo para que tome medidas. O envio da missão foi proposto pelo representante de Honduras e presidente do Conselho Permanente, Leónidas Rosa Bautista, e obteve o apoio de 25 delegações, entre elas as dos Estados Unidos, Colômbia, México e Chile, mas não conseguiu o apoio da Nicarágua, Bolívia, Equador e Venezuela, que pediam a convocação imediata de uma Assembleia Geral extraordinária.

"Vou me preparar para informar a este Conselho Permanente sobre a situação no Paraguai, e vou também a outros países", disse Insulza, mas não precisou se viajará pessoalmente ou enviará "uma delegação", em uma visita que se dará "provavelmente no final desta semana". O secretário geral expressou sua vontade e se reunir com o presidente destituído, Fernando Lugo, e com parlamentares do país para "tratar de ter uma avaliação do que aconteceu". Insulza recordou que a convocação de uma Assembleia Geral, que poderia decidir inclusive a suspensão do Paraguai da OEA, como aconteceu com Honduras em 2009 após o golpe de Estado contra o presidente Manuel Zelaya, não pode ser feita sem uma missão ao país e um informe ao Conselho Permanente.

Durante a reunião, o representante permanente do Paraguai na OEA, Bernardino Hugo Saguier, defendeu Federico Franco como "legítimo presidente" do país e pediu aos Estados membros do organismo que evitem a "ingerência" nos assuntos internos desse país. O representante da Venezuela não OEA, Roy Chaderton, por sua vez, perguntou durante a sua intervenção à secretaria geral do organismo se a presença de Saguier na sessão "constitui um reconhecimento implícito da legalidade e legitimidade da representação" do Governo de Franco. "Nesse caso, estaríamos diante de um grave fato cuja natureza afetaria as próprias bases éticas normativas, políticas e jurídicas da OEA", indicou.


O fantasma da guerra civil
A resistência dos partidários de Lugo começou na própria sexta-feira em frente à sede da Televisão Pública, na rua Alberdi, depois que um representante do novo Governo se apresentara ali para interromper a emissão. Os responsáveis pelo canal se negaram e o novo Governo cortou a energia elétrica. Logo mais, os trabalhadores da emissora conseguiram restabelecer a energia. Centenas de seguidores de Lugo foram chegando à sede do canal para expressar seu apoio e com um microfone tinham a oportunidade de se dirigirem a todo o país. Agora, cada manhã fica um pequeno núcleo em guarda e pela noite voltam a se reunir cada vez mais pessoas. Na segunda-feira, chegaram a ser 5.000. O novo Governo pretende administrar a situação com mais tato do que demonstrou na sexta-feira para evitar maiores conflitos.

Às organizações estudantis que iniciaram os protestos se juntaram camponeses procedentes de outras regiões. Cada noite tomam a palavra ex-ministros, professores, camponeses, crianças ou donas de casa. Enquanto as principais empresas de comunicação se mostraram favoráveis ao julgamento político que destituiu Lugo em 24 horas, o canal público converteu-se no único meio massivo pelo qual os partidários de Lugo podem se expressar. Além disso, criaram uma página na internet (http://paraguayresiste.com/) para divulgar o calendário de mobilizações.

"A resistência pacífica vai crescendo dia após dia", vaticinou a este jornal Ricardo Canese, secretário geral da Frente Guazú, a organização pela qual Fernando Lugo concorreu às eleições. "Se uniram à Frente pela Defesa da Democracia 15 das 16 organizações camponesas do país. Faremos cortes intermitentes de rodovias, manifestações em praças públicas... E muito particularmente em frente à sede da Televisão Pública, onde houve já várias tentativas de censura. A resistência será permanente até que se restabeleça o Estado de direito", acrescentou.

Os partidários de Federico Franco em Assunção, por sua vez, também começaram a se concentrar na praça do Congresso e convocaram para esta quarta-feira uma manifestação de apoio ao novo presidente. Franco declarou que sua prioridade neste momento é evitar a guerra civil.

A Associação Nacional de Carperos [como os sem-terra são chamados], que ocupou a fazenda Curuguaty onde ocorreu, no dia 15 de junho, a morte de seis policiais e 11 camponeses, começou nesta terça-feira a cortar várias rodovias. "Vamos bloquear os acessos à capital", indicou seu dirigente maior, José Rodríguez, em conversa por telefone. "Os grandes meios de comunicação, que estão nas mãos da oligarquia, não ecoaram as manifestações no interior do país. Mas isto vai crescer. Caso não houver resposta, provavelmente vai se desencadear algo muito forte", acrescentou Rodríguez. "A prioridade de Federico Franco não é evitar a guerra civil, mas manter-se no poder. Este homem sempre teve uma obsessão doentia, até psicótica, para ser presidente. Não lhe importa que haja violência, nem as repressões massivas que podem ocorrer".

Embora os sem terra não integrem nenhuma das duas maiores organizações camponesas do país, nos últimos anos adquiriram muita relevância na mídia mediante as ocupações de fazendas. A oposição culpou Fernando Lugo de tolerá-los e apoiá-los até o momento em que aconteceu a morte de 15 de junho. Contudo, Rodríguez não acredita que os camponeses nem sua organização tenham sido especialmente bem tratados pelo Governo de Lugo. E acredita que essa é a razão pela qual no dia da destituição milhares de camponeses optaram por ficar em suas casas e não ir para Assunção para expressar seus protestos. "Os setores sociais mais carentes não receberam a atenção que esperavam por parte de Lugo. E há descontentamento em relação a ele. Muitas pessoas estão confusas, não querem sair de casa para colocar a sua vida em perigo por um Governo que não os defendeu. As pessoas medem qualquer decisão do Governo através do estômago e este Governo não se preocupou muito com o estômago das pessoas. Mas nós não defendemos Lugo, mas o processo democrático que se iniciou em 2008. À medida que as pessoas vão entendendo isso vão se somando aos protestos".
A reportagem é de Francisco Peregil

CMI declara que RIO + 20 alcançou apenas o mínimo denominador comum


CEBI

CMI declara que Rio+20 alcançou apenas o mínimo denominador comum

Sexta-feira, 29 de junho de 2012 - 10h22min
Os participantes do Conselho Mundial de Iglesias (CMI) na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, patrocinada pelas Nações Unidas, uniram-se a uma ampla coligação religiosa na rejeição do documento oficial do encontro.
"Reconhecidos cientistas ambientalistas dizem que não aconteceu praticamente nada entre 1992 e 2012 quanto à política pública e compromisso mundial" no que diz respeito a mudanças climáticas, observou o teólogo brasileiro Leonardo Boff.

O escritor brasileiro somou-se ao coro de vozes críticas que participaram da Conferência da ONU e o evento paralelo organizado pela sociedade civil, a Cúpula dos Povos.

Boff presidiu, junto com o moderador do Comitê Central do CMI, o pastor brasileiro Walter Altmann, mesa realizada na Cúpula dos Povos sobre "A base ética e teológica da justiça climática".

"Onde quer que vamos, levamos destruição e obrigamos ao resto da espécies a fugir. Lá onde reina nosso pensamento baseado na economia, prevalecem a pobreza, a exploração e a fome", denunciou Boff.

Altmann lamentou a aparente desconexão entre as estratégias das organizações internacionais reveladas no documento final de Rio+20 e os recursos potenciais em nível local, como as comunidades religiosas e outras expressões da sociedade civil.

"Teve mais diálogo com a sociedade civil em 1992", recordou Altmann. Ele enfatizou, analisando a dimensões éticas e espirituais, que as comunidades religiosas têm a vocação específica de responder às crises que o planeta enfrenta.

O painel presidido por Altmann e Boff foi um dos 80 eventos da Cúpula dos Povos agrupados num espaço ecumênico e inter-religioso denominado "Religiões pelos direitos". As atividades realizadas nesse espaço promoveram uma interação entre as múltiplas e variadas religiões do mundo.

O encarregado do programa de Cuidado da Criação e Justiça Climática do CMI, Guillermo Kerber, *CMI, reafirmou a conclusão dos parceiros religiosos, questionando o documento de Rio+20 como um instrumento de mudança eficaz.

"O documento final da Rio+20 não reflete a urgência das ameaças para a vida na Terra que a comunidade científica apresenta", disse. "Também não renova os compromissos anteriores da comunidade internacional, em especial os dos Convênios da Rio 92 com respeito à diversidade biológica, à desertificação e à mudança climática. Não há compromissos novos nem concretos com vistas ao futuro".

Em sua crítica do documento, Kerber revelou que o CMI advogou um preâmbulo baseado em princípios éticos. "Ao ser incapaz de atingir um consenso, a comunidade internacional optou pelo denominador mínimo comum, evitando as questões controvertidas. Com isso, perde a Terra e perdem os pobres e vulneráveis".

Para o CMI, anunciou Kerber, o argumento da crise financeira para justificar compromissos mais concretos da comunidade internacional no cuidado é inaceitável.

Durante a conferência, representantes da Cúpula dos Povos reuniram-se com o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, para informá-lo da frustração dos representantes da sociedade civil com respeito ao documento final de Rio+20.

"A Cúpula dos Povos não aceitou o documento final da Rio+20 como um instrumento de mudança eficaz", informou o diretor executivo da organização ecumênica de serviço Koinonia, Rafael Soares de Oliveira.


Necessidade de teologia pública
O bispo Heinrich Bedford-Strohm, da Igreja Evangélica Luterana da Baviera, Alemanha, foi um dos oradores que seguiu alentando às pessoas de fé para que se dedicassem à luta contra a deterioração do meio ambiente.

Bedfron-Strohm disse que "as religiões chegam às mentes e aos corações das pessoas. Portanto, o que precisamos é uma teologia pública que se desenvolva em linguagem religiosa e laica".

Também assinalou dois elementos que, na sua opinião, são fundamentais para mudar o mundo: inspiração e incentivos. "Não sou tão pessimista", disse o bispo. "As religiões têm muito a oferecer", agregou.

"O que vimos aqui no Rio de Janeiro demonstra que a distância entre a Conferência oficial e a Cúpula dos Povos reflete a necessidade urgente de aumentar a participação da sociedade civil no diálogo mundial", sugeriu o presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), pastor Nestor Paulo Friedrich.

Uma jovem líder muçulmana, Soher O Sukaria, secretária da Sociedade Árabe Muçulmana de Córdoba, Argentina, e coordenadora da Rede Juvenil de América Latina e o Caribe de Religiões pela Paz, enfatizou a luta comum das religiões na proteção do meio ambiente e no empoderamento dos pobres.
Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC)

A Rio + 20 decepcionou as organizações religiosas


CEBI

A Rio+20 decepcionou as organizações religiosas

Sexta-feira, 29 de junho de 2012 - 10h30min
Diversas organizações religiosas disseram estar decepcionadas com a Conferência das Nações para o Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+20, que aconteceu entre os dias 20 e 22 de junho, no Rio de Janeiro.
A Aliança Ecumênica de Ação Mundial (EAA), com sede em Genebra, disse que, embora o documento final da conferência - "O futuro que queremos" - reconheça que o acesso à alimentação é um direito humano, ela não chamou suficiente atenção para as mudanças necessárias na agricultura para favorecer os pequenos agricultores em detrimento do agronegócio.
O documento "deixa a porta aberta para a grande intensificação da agricultura industrial, sistema que provou ser ineficaz na erradicação duradoura da fome e quase levou a um colapso dos ecossistemas e das comunidades", disse Peter Prove, diretor executivo da EAA. "Os governos falharam em tomar as medidas necessárias para preservar a saúde do planeta e promover soluções viáveis e sustentáveis para a erradicação da fome crônica," sempre segundo a EAA.
"Onde quer que reina o nosso pensamento baseado na economia, prevalecem a pobreza, a exploração e a fome"
"Nós instamos os governos a apoiar sistemas agrícolas que melhorem a produtividade da terra, a melhorar a capacidade de resistência das comunidades à mudança climática e a contribuir para a erradicação da pobreza e da fome", diz Gisele Henriques, responsável pela alimentação da CIDSE, uma aliança de desenvolvimento católica e membro da EAA.
A EAA é uma aliança de 80 Igrejas e de organizações ligadas às Igrejas, que conta entre seus membros representantes católicos, evangélicos, ortodoxos e protestantes.
Também o Conselho Mundial de Igrejas rejeita o documento oficial final. "Renomados cientistas dizem que praticamente nada foi feito entre 1992 e 2012 em termos de políticas públicas e participação global", observou o brasileiro Leonardo Boff, um dos fundadores da Teologia da Libertação. Ele confessa que "onde quer que estejamos, podemos provocar destruição e forçamos as outras espécies a fugir. Onde quer que reina o nosso pensamento baseado na economia, prevalecem a pobreza, a exploração e a fome".
"A falta de ambição não pode ser justificada"
Enquanto isso, o uruguaio Guillermo Kerber, coordenador das atividades relacionadas com a preocupação com a criação e a justiça climática no Conselho Mundial de Igrejas, reforçou a conclusão dos parceiros religiosos recusando aceitar o resultado da Rio+20 como um "instrumento efetivo de mudança". Ele rejeitou a prudência exibida no documento: "os argumentos usados para justificar a falta de ambição do documento, tais como a crise econômica e financeira, são inaceitáveis do ponto de vista do Conselho Mundial de Igrejas".
A organização, através de seus diversos programas, vai continuar a estar presente nos debates da ONU sobre desenvolvimento sustentável, o ambiente e o clima. Ela também se comprometeu a continuar sua participação no movimento que organizou a Cúpula dos Povos.
A reportagem está publicada do jornal católico francês La Croix, 27-06-2012. A tradução é do Cepat.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

CARTA DAS RELIGIÕES E O CUIDADO DA TERRA


CEBI

Carta das Religiões e o Cuidado da Terra

Quarta-feira, 27 de junho de 2012 - 9h28min
No Espaço da Coalizão Ecumênica e Inter-religiosa "Religiões por Direitos", no âmbito da Cúpula dos Povos na Rio+20 para a Justiça Social e Ambiental, contra a mercantilização da vida e em defesa dos bens comuns, os líderes religiosos do Brasil signatários, aderindo à iniciativa da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Interreligioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e de Religiões pela Paz, reuniram-se para debater a relação entre as religiões e as questões ambientais. Como resultado do diálogo, concordou-se que a agenda das religiões na atualidade não deve desconsiderar a agenda do cotidiano da vida das pessoas na sociedade e das exigências da justiça ambiental.
A agenda das religiões deve incluir os elementos que traçam os projetos do ser humano na busca de realização da sua existência e afirmar compromissos efetivos com a defesa da vida no planeta. Religiões, sociedade, desenvolvimento sustentável e meio ambiente não são realidades distanciadas, mas estreitamente correlatas. As tradições religiosas contribuem para a afirmação dos valores fundamentais da vida pessoal, sócio-econômica e ambiental, orientando para a convivência pacífica e respeitosa entre os povos, culturas e credos, e destes com toda a criação.
Assim, é fundamental na agenda das tradições religiosas hoje:
a) Apresentar ao mundo o sentido da existência humana. A humanidade vive momentos de pessimismo, com sensação de fracasso e desânimo, sobretudo nas situações e ambientes de crises econômicas, de injustiças, de violência e de guerras.
Comprometemo-nos em fazer com que as nossas tradições religiosas afirmem de modo concreto o valor da vida de cada pessoa, independente da sua condição social, religiosa, cultural, étnica e de gênero, ajudando-as na superação dos problemas que lhes afligem no cotidiano, sejam eles de caráter sócio-econômico-político e cultural, sejam eles de caráter pisíquico-espiritual.
b) Promover a educação e a prática do respeito mútuo, do diálogo, da convivência pacífica e da cooperação entre os diferentes povos, culturas e religiões, fundamental no mundo plural em que vivemos.
Assumimos o compromisso de trabalhar para a convergência dos diferentes paradigmas culturais e religiosos dos povos, como uma possibilidade para melhor entendermos o mundo dentro de suas inter-relações e a convivência entre todos os seres humanos.
c) Explicitar mais e melhor o que já possuímos em comum. Nossas tradições já condividem valores religiosos, como a fé em um Ser Criador, o cultivo da relação com Ele, a compreensão da origem e do fim de cada pessoa.
Comprometemo-nos a partilhar as riquezas que possuímos para fortalecer as relações entre nossas tradições, o enriquecimento e o reconhecimento mútuos, bases para a cooperação inter-religiosa em projetos que promovem o bem comum.
d) Discernir juntos os valores que constroem a paz no mundo. Sabemos que a paz não é simples ausência da guerra, mas é fruto da justiça e da prática do amor.
Comprometemo-nos na promoção da convivência pacífica entre os povos e o desenvolvimento da fraternidade e da solidariedade universal, superando todo fundamentalismo e exclusivismo, bem como o consumismo irresponsável que causam conflitos entre as pessoas e os povos.
e) Viver a compaixão para com os mais necessitados, empobrecidos e excluídos da sociedade.
Assumimos o compromisso de realizar juntos projetos sociais que fortalecem a solidariedade nas comunidades religiosas e na família humana.
f) Promover o valor e o cuidado da criação. Tomamos conhecimento das ameaças à vida do planeta, conseqüências dos interesses econômicos que constroem uma cultura utilitarista e consumista na sociedade em que vivemos.
Comprometemo-nos com o desenvolvimento de uma nova ética na relação com o meio ambiente, capaz de orientar novas atitudes defensoras de todas as formas de vida, sustentadas em políticas públicas de justiça ambiental e numa mística/espiritualidade que explicite a gratuidade e o dom da vida da criação.
g) Afirmar elementos de uma ética comum que, sustentada nas convicções religiosas que possuímos, seja capaz de orientar atitudes e comportamentos de paz e de justiça, tanto dos membros das nossas tradições como de todos os povos.
Comprometemo-nos a desenvolver novos comportamentos, com prevalência da ética da tolerância e da liberdade cultural e religiosa, do respeito às diferenças, da dignidade de toda pessoa, da convivência entre credos e culturas, dos direitos humanos.
Finalmente, solicitamos à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, acolher a contribuição das religiões para o cuidado da vida na terra, reconhecendo que os imperativos morais DAS nossas tradições, convicções e crenças, bem como os nossos esforços de diálogo e cooperação inter-religiosa são imprescindíveis para alcançarmos o desenvolvimento sustentável de toda a humanidade.
Exmo. e Revmo. Dom Francisco Biasin
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso daConferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Rev. Pe. Peter Hughes
Secretário Executivo do Departamento de Justiça e Solidariedade do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM)
Revmo. Dom Francisco de Assis da Silva
Primeiro Vice-presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC)
Rev. Dr. Walter Altmann
Moderador do Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas (CMI)
Rev. Nilton Giese
Secretário Geral do Conselho Latino-americano de Igrejas (CLAI)
Rabino Sergio Margulies
Representante da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (FIERJ)
Sami Armed Isbelle
Diretor do Departamento Educacional e de Divulgação da Sociedade Beneficente Mulçumana do Rio de Janeiro (SBMRJ)
Ialorixá Laura Teixeira
Coordenadora Estadual do Instituto Nacional da Tradição e Cultura Afro-Brasileiras - Rio de Janeiro (INTECAB)
Irmã Jayam Kirpalani
Direitora Européia da Universidade Espiritual Mundial Brahma Kumaris
Elias Szczytnicki
Secretário Geral e Diretor Regional de Religiões pela Paz América Latina e o Caribe
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

PARAGUAI 2




                                                                        Asunción (Paraguay), 25 de junio del 2012
                                                                                                      

Estimados Hermanos y Hermanas

Muchos de ustedes sabrán por Fr. Rafael Colomé o por los medios de comunicación, que en Paraguay estamos pasando momentos de mucho dolor a causa de la violación al proceso democrático iniciado desde hace años y lesionado ahora, de una forma descarada, desde el pasado viernes, 22 de junio del 2012, por parte de lo que consideramos fue un golpe de Estado parlamentario en el que se destituyó al presidente del gobierno, Fernando Lugo. 

 El Senado destituyó a Lugo en un juicio político totalmente rechazado por una ciudadanía a favor de esos cambios sociales que estaban abriendo camino a una vida más digna para todos;  por expertos en derecho y por la comunidad internacional.  Abogados y abogadas del Paraguay confiables por su trayectoria honesta, diligente y democrática calificaron el libelo acusatorio como una`` vergüenza jurídica y espantosa´´, señalando que la mayoría de las expresiones plasmadas en el documento eran subjetivas y sin ninguna lógica. Un ``juició´´ en el que reinó la carencia de la fundamentación de las afirmaciones, hipótesis falsas e insostenibles.  Un juicio en que se dieron pocas horas para preparar la defensa y en el que estaba dictada la sentencia antes de que la misma expusiera sus argumentos. Un juicio impulsado por un parlamento en el que bastantes de sus miembros no tienen ninguna autoridad moral dada su larga trayectoria de corrupción conocida por toda la ciudadanía.       

En nuestro querido Paraguay (y América Latina) está claro que hay un grupo de personas que se empeña en la búsqueda de la igualdad social y otro al que no le interesa absolutamente nada la situación de los pobres, haciendo ``por ellos´´ auténticas pantomimas porque tienen responsabilidad política y social.  La postergación sistemática de una verdadera reforma agraria por parte de las instituciones del gobierno ejercido por sus tres poderes, el acaparamiento de grandes extensiones de tierra en manos de unos pocos, la irregularidad y el fraude impune de miles de hectáreas de tierras mal habidas, blindadas por la justicia y la complicidad del Parlamento, lo ponen de manifiesto.  El enfrentamiento entre policías y campesinos ocurridos en Curuguaty el pasado 15 de junio en el que murieron 17 personas y que fue una de las cinco  acusaciones a Lugo en el juicio político,  nos obliga a preguntarnos seriamente quién puede estar detrás de todo esto con el propósito de generar una inestabilidad que beneficie a sus intereses de poder económico y político.  

Afortunadamente, en medio de esa inaceptable situación ocurrida en Paraguay, tuvimos el apoyo de la comunidad internacional.  Los cancilleres de los 12 países que conforman la Unión de Naciones Suramericanas (Unasur) estuvieron presentes en Asunción y expresaron su total solidaridad para con el pueblo paraguayo y el respaldo al presidente constitucional Fernando Lugo.  También agradecemos el ánimo que muchos de ustedes nos transmitieron a través de los correos recibidos.

En estos momentos y desde hace días un grupo considerable de indignados (no necesariamente luguistas) respira un aire contaminado y que enferma, busca espacios libres y sanos encontrándose en algunas de las plazas y locales (TV pública Py) de nuestra ciudad  en la que nos convocamos para expresar lo que sentimos y establecer mediadas de acción pacífica a fin de conseguir la restitución de nuestras autoridades y el retorno de la vigencia plena del proceso democrático. Cosa nada fácil. Con amigos de nuestras comunidades parroquiales y con algunos alumnos de las distintas facultades de la Universidad Católica en la que trabajamos nos hacemos presentes, participamos y apoyamos el compromiso de tomar en serio la construcción de un Paraguay mejor

Estoy y estamos convencidos que un país justo y fraterno sólo se podrá construir si nos empeñamos sinceramente en reconocer y defender el digno lugar que todos merecemos ocupar como hijos e hijas de Dios en esta bendita tierra paraguaya.

Gracias por todo, recen por nosotros y para que la gente buena siga haciendo el bien.  Que el Dios de la Vida y del Amor nos bendiga a todos.  Una abrazo.  Fr. Ramón Figueras, Promotor de Justicia y Paz.











PARAGUAI 1


Recebi esta mensagem da Coordenação de Justiça e Paz da Ordem Dominicana e gostaria de que todos saibam que a ditadura ainda esta ai a nos rondar...
Asunción ,  24 de junio de 2012

A las Fraternidades Laicales Dominicanas de AL y el Caribe
Queridos amigos y hermanos:
Me dirijo a ustedes para compartir la noticia central que recorre todo el mundo, sobre todo en la Región  AL y el Caribe. El Paraguay, mi querido país, está pasando –de nuevo  - por un brote de  dictadura, esta vez, proveniente del mismo Congreso Nacional, compuesto por dos cámaras: Diputados y Senadores.
En el año 2008, fue  electo  ,  por voto directo del pueblo y en comicios limpios transparentes el ciudadano Fernando Lugo Méndez, obispo católico reducido al estado laical por el Papa Benedicto XVI. Esta elección fue  significativa  .  La dictadura de Stroessner , fue derrocada en el año 1989 pero el Partido que dio sustento a su gobierno , el Partido Colorado , se mantuvo en el poder hasta la elección del  Pte  .Lugo, razón por la cual, el pueblo instaló con su voto la alternancia en el poder , de un partido mañoso , que generó mucho dolor en el pueblo , respaldó a un gobierno  autoritario y con muchos crímenes e injusticias en su haber.
El  Pte . Lugo, tuvo muchas falencias, pero su conciencia de justicia social fue clara y operante. Su honestidad en el manejo de la cosa pública - sin objeciones.
El 21 de junio próximo pasado, la cámara de diputados ejerció de fiscal y  presentó cinco  puntos de denuncia al Presidente de la República ; el Senado ejerció de juez  para destituir al Pte. El acto fue la implementación de un artículo en la C. Nacional de la Rca.. Fijaron bien la modalidad como juicio político y no proceso  penal  . Hicieron un mamotreto de procedimiento con un horario desde presentación del libelo acusatorio  , votación para aceptar el caso, consideración del   libelo , juicio – incluidas  dos horas de defensa y la  sentencia  . El horario asignado  para todo el proceso, menos de 48 horas, incluidas las horas nocturnas (no hábil para trámites de oficina para recabar datos y pruebas documentales).
Arrinconado y solo Lugo, en el Palacio de Gobierno  , como atado de pies y manos, ellos hicieron el show de juicio , maquillado de legalidad. Lugo nombró  tres  abogados defensores que expresaron que ningún juicio serio podía hacerse en tan poco tiempo; que una defensa    medianamente  rigurosa       iba a ser  imposible. De nada sirvió este recurso de defensa con tres abogados de probada solvencia. Ellos ya tenían escrita la sentencia y sólo asignaron el tiempo para validarla con  el voto. ASI FUE DESTITUIDO EL PRESIDENTE  CONSTITUCIONAL DE LA REPUBLICA DEL PARAGUAY.
El día 22 de junio a las 17 horas y minutos( incluidos 2 cuartos intermedios), el proceso estaba terminado: Lugo destituido y el Vicepresidente  constituido en Presidente de la Nación.  Antes de las 20 horas estaba ya ocupando la silla presidencial  en el Palacio de Gobierno.
¡TIEMPO RECORD DE UN JUICIO – AJUSTICIAMIENTO, MEJOR!
Por eso decimos hoy, sufrimos un GOLPE DE ESTADO PARLAMENTARIO!
El pueblo fue traicionado por aquellos que fueron también directamente electos por sus  votos en la  urnas.  
Esta es hoy nuestra realidad; pero  desde los que usurparon el poder, se maquilla con la legalidad de que hay un artículo de la Constitución que nombra la posible aplicación del juicio político. El procedimiento fue arbitrario, con notas de abuso de poder   y falta de respeto al pueblo paraguayo. Puede hasta decirse que fue  legal  ,  pero no legítimo
El tema de mala distribución de la tierra en  Paraguay es un núcleo del complejo problema de inequidad social  que Lugo heredó y es imposible solucionar en menos de 4 años de gobierno
Este fue el punto más álgido del libelo acusatorio, pero casualmente, las intervenciones se hicieron con liderazgo del Poder Judicial,  acompañamiento  fiscal y un juez de la causa. La policía sólo acompaña estos procedimientos. Pero no iban munidos para matar y también murieron en una batalla generada entre los campesinos y la respuesta que dieron desde los efectivos de segunda fila que ingresaron ante la primera muerte generada en sus filas
Asi las cosas, hoy estamos viviendo un momento muy doloroso en la historia nacional , aislado el Paraguay en el Mercosur y Unasur  como espacios de integración regional , siendo un país mediterráneo nos afecta considerablemente. Algunos países están retirando sus legaciones diplomáticas  .
El pueblo está crispado, los jóvenes y los más vulnerables de la sociedad- sobre todo la clase campesina - jóvenes y  estudiantes universitarios, siente este atropello a la democracia  como un retroceso en nuestra incipiente  democracia  , luego de los más de sesenta años de dictadura real , todavía con el gobierno del partido colorado
El Congreso de la Nación,  asi  como el Poder Judicial están totalmente desprestigiados y son objetos de burla, de rechazo y de descontento social expresados en manifestaciones públicas
Este relato les ofrezco como información fidedigna de los acontecimientos recientes   . Les pido su oración por mi país y les agradezco sentidamente a quienes me han enviado  la expresión de su cercanía fraternal
Con todo mi afecto,
Susana  Brittos , op
Laica-Coordinadora AL y el Caribe

domingo, 24 de junho de 2012

TEORIA, PRÁTICA E PRÁXIS


o presente texto será apresentado para discussão e introdução à formação posta anteriormente neste espaço, a iniciar-se no próximo sábado.  um tira-gosto...
O mundo está aí, a todo o momento objetivando-se em sua concretude imperativa. Não nos é possível viver fora desta realidade. Olhar, observar e pensar esta realidade com criticidade e objetividade é a tarefa básica se queremos, com nossa prática, transformarmos o mundo a nossa volta.
Precisamos, portanto, em nossa jornada existencial – maior que nosso agir político – entendermos a relação entre teoria, prática e práxis. Nosso agir cotidiano pode ou não tornar-se, pela reflexão e capacidade de interconectar conhecimentos anteriormente adquiridos, teoria.
Aristóteles, o bom e velho Aristóteles, bem nos ensina no livro Ética para Nicômaco, que nosso agir advêm de hábitos, não refletidos em sua maior parte. Estes hábitos nós os introjetamos pelo processo educativo que se dá nos âmbitos vitais familiares, escolares e sociais. A este processo damos o significativo nome de incorporação – transformar-se em corpo! É assim que o escovar os dentes, que se inicia de forma imperativa, acaba por se tornar uma necessidade corporal decisiva, incorporada e necessária. Ocorre que este processo educativo não se dá normalmente pautado por uma reflexão madura e profunda sobre seus caminhos e passos. Até mesmo nas unidades escolares onde o agir deve ser pautado por um encontro das diversas habilidades, possibilidades e virtudes de seu corpo docente, em suas respectivas disciplinas, a partir de um horizonte reflexivo que é o Projeto Politico Pedagógico (PPP). Normalmente, entretanto, este processo carece, a meu ver, em três dificuldades básicas:
1.    O corpo docente não é selecionado tendo em vista o PPP, para que haja uma coerência coletiva no caminho e na direção para onde devemos caminhar.
2.    As habilidades pessoais, assim como sociais e relacionais, não são devidamente percebidas e, por isso, não são adequadamente exploradas ou incorporadas no processo pedagógico, perdendo-se possibilidades e horizontes, esvaziando-se o agir pedagógico.
3.    O PPP normalmente é o conjunto de frases – chavões, sem qualquer compreensão ou mesmo discussão básica, que se torna um imperativo apenas burocrático. Pior do que isto, ele esconde a incapacidade de olhar atentamente a realidade do aluno concreto que se apresenta a sua frente, com seus dramas e capacidades. Desvelar este mundo concreto – do corpo docente, do corpo administrativo e dos alunos – é apenas o ponto de partida para o trilhar pedagógico que deve apontar para novos horizontes, maiores e mais humanos.

Uma pequena pausa se faz necessária, já que não vamos nos referir aqui ao papel governamental e em suas tarefas inadiáveis, assim como na responsabilidade das famílias no âmbito educacional, já que pensamos no processo pedagógico não apenas na educação formal pública ou privada, mas também em igrejas, ONGs e instituições sociais.
Paremos por um instante. Não siga automaticamente a ler o texto!
1.    Nos nossos processos e dinâmicas pessoais, nos nossos espaços dialógicos e políticos temos ao menos uma ideia das possibilidades humanas envolvidas – inclusive a nossa? O que te faz feliz? O que realmente você gosta de fazer?
2.    Em nossos processos sociais e institucionais temos ou tentamos fazer um PPP que se faça realista e dinâmico, com metas e com revisão permanente?
3.    Formamos uma equipe que acolha a diversidade e a complexidade da vida humana e do seu mundo cultural a dirigir-se, com o apoio mútuo (e não com competição), dentro de um processo estratégico, olhando para o mesmo horizonte?
Falamos de liberdade, de libertação, mas o que isto significa?
Nosso agir se conforma (age com a forma) a realidade capitalista, se nutrindo dos valores desta na busca pelo sucesso, pelo dinheiro, pela estabilidade, pelo status, pelo poder? Somos livres para romper com estas determinações e aceitar suas reais consequências?
A prática pode, portanto, tornar-se teoria, mas esta é sempre, uma teoria interessada, que defende interesses de pessoas e grupos sociais e pessoais.
Teoria pode se confundir com manuais de procedimento ou mesmo um pensamento conceitual, superficial sobre algo. Ledo engano! Teoria é o pensamento sistêmico de uma totalidade, que a percebe organicamente e complexamente. A teoria biológica, portanto, se refere ao conjunto que compreende o funcionamento da estrutura biológica, da vida. A vida da prática, dos hábitos é derivada, portanto, de um olhar sistêmico da vida humana e de seu articular politico e econômico, que lhe dá horizontes e caminhos. Quando agimos sem reflexão apurada estamos, concretamente, a reboque do que os outros pensaram – e seguem a pensar – por nós. E, que, pelo aparato ideológico e midiático, sutil e eficaz, se introjeta, se incorpora em cada um de nós.
Falamos de teoria, falamos de prática, mas há outro termo, mais importante, que é práxis. Práxis é o agir reflexivo, reflexivo que se objetiva num mundo real e que se torna conhecimento amplo e dinâmico (dialético!), que se faz teoria na prática. Onde a prática se faz teoria e a teoria se faz\ prática numa espiral que se humaniza e se radicaliza.
É este o horizonte no qual pretendemos caminhar. Que nossos corpos, mentes, olhares e o coração – numa linguagem teológica que nosso espírito – esteja mergulhado total e amorosamente mergulhado neste caudaloso rio da vida.

Rio + 20 - Mensagem do Arcebispo de Cantuária


Mensagem do Arcebispo de Cantuária sobre a Conferência Rio+20
 


A grande questão que enfrenta a Rio +20: que tipo de mundo nós queremos deixar de legado para nossas crianças? E não é só uma questão de materialidade ambiental que nós queiramos deixar – as respostas para essa questão, de um certo modo, são muito simples: nós queremos um mundo que seja livre de poluição, um mundo onde todo mundo tenha acesso a água tratada, um mundo onde haja segurança alimentar, um mundo onde as pessoas tenham aprendido métodos sustentáveis de agricultura e desenvolvimento.

Mas igualmente importante é uma questão de que tipo de hábitos ou que estilo de vida nós queremos deixar para nossas crianças – que tipo de habilidades nós queremos ver elas desenvolverem para viver sustentavelmente neste mundo.

Isso significa, como em muitas áreas, que nós temos que começar modestamente, começar localmente. Grandes mudanças vem porque pequenas mudanças acontecem. E no trabalho que eu faço, eu tenho o privilégio de ver muitas mudanças pequenas em processo. Ano passado no Quênia, eu pude ver o trabalho feito pela Igreja Anglicana de lá desenvolvendo métodos de agricultura chamado Umoja, métodos que possibilitam que as pessoas saiam da agricultura de subsistência para uma produção real sustentável para eles mesmos, e muita capacitação em informação nutricional para que o desenvolvimento agrícola, segurança alimentar e atendimento à saúde possam andar juntos.

Há muitos outros projetos locais como esse, e eu fiquei profundamente impressionado pelo modo como as pessoas localmente no mundo tem desafiado e resistido algumas das depredações feitas pelas indústrias extrativistas, em muitas áreas uma das grandes ameaças a um futuro sustentável.

Os Governos podem, obviamente, e devem, fazer sua parte nisso tudo. Os Governos precisam oferecer incentivos fiscais para o “desenvolvimento verde”. Eles precisam promover programas que encorajem a todas/os a reduzir nossos desperdício. Eles precisam “tornar verde nossa economia, tanto em casa quanto no mundo todo. E nós, todas/os nós, não “somente as comunidades de fé, precisamos colaborar nisso e apoiar os governos nessa visão.

Mas na raiz, a questão permanece a mesma: que tipo de mundo nós queremos entregar? Imagino que você tenha o aniversário de sua/seu filha/o ou netas/os chegando. Você desejo dar um presente a elas/es. Você gostaria de dar alguma coisa que genuinamente signifique algo para elas/es, que enriqueça suas vidas, que faça parte do seu crescimento e bem-viver. E isso é o que nos desafia aqui. É um desafio que eu penso que vai repercutir em todo mundo, no mundo todo. Simplesmente isso: que presente nós queremos oferecer? O presente de um mundo que seja livre da poluição, um mundo onde o futuro seja mais seguro, um mundo onde mais pessoas tenham acesso a alimentação, água limpa e atendimento à saúde? Sim. Mas também um mundo onde nós possamos transmitir a sabedoria de como habitá-lo, como viver num meio ambiente limitado com graça, liberdade, confiança.

Todas as pessoas religiosas entendem o mundo como um presente de Deus. E todas as pessoas religiosas são portanto comprometidas a perguntar: se este é o presente que nos foi dado, como nós transformamos ele num presente para todas as pessoas, para a próxima geração? Como nós fazemos justiça pelas/os nossas/os filhos/as e netas/os? Como nós fazemos para agir com justiça por elas/es? Estamos oferecendo um presente, tanto material como espiritual, que realmente as/os fará viver bem, viver com felicidade, para que o seu futuro seja seguro e que elas/es também tenham um presente para dar para seus/as filhas/os e netas/os?

Quem és tu?


Pare!
Pare tudo e me diga.
Quem és tu?
Eu e você, você e eu, quem afinal, somos?
Somos a mente? Mente e corpo, diria Descartes.
Um dualismo tosco, perverso, pequeno.
Um corpo a satisfazer-se, opúsculo do prazer.
Uma mente, atônita, mergulhada num corre corre, a perder-se em devaneios. Devaneios exigentes, o Mercado exige! O shopping chama, reclama tua ausência. Uma mente gelatinosa, que se perde na internet, em instantaneidades. Uma mente midiática, culturalmente submissa.
Uma mente fraca, mas arrogante, que se diz materialista, mas imersa e escrava de abstrações, em prazeres fugidios, sem espaço para a vida, para a poesia, para o encontro, para o amor, para Deus.
Em poucas palavras, quem és tu?
E, se puderes acordar deste sono profundo e se deparar consigo mesmo e realizar que não és a mente? Quem, porventura, tu és?
A partir de onde tu te defines?
Eu, insano poeta, aprendiz de teólogo, profeta com causa, que digo que sou?
Uma pessoa que faz poesia em corpos, para produzir saúde – sou acupunturista! Que vende sonhos a mentes, para produzir corpos éticos e presentes.
Uma definição heterodoxa, de um louco, louco cheirador – de pó de livros – perigoso viajante, crítico e alucinado, a peregrinar por aí, num mundo concreto a objetivar-se, uma dialética que é Sua.