HOMILIA – JOIO E O TRIGO
Sab 12, 13.16-19 Rom 8,
18-25 Mt, 13, 24-30. 36-43
A criação espera ansiosamente a revelação dos
filhos de Deus.
O Evangelho fala de pessoas que questionam o
semeador se ele tinha semeado uma boa semente, tendo em vista que observa joio
no meio do trigo. Olhando a vida, a injustiça, a dor, o sofrimento, somos
tentados a questionar a Deus e a Sua bondade, sua própria existência como Amor.
Procuramos a Deus no grandioso, no espetacular,
no prodigioso, no milagroso. Como nos lembra São João Crisóstomo, doutor da igreja,
em um de seus sermões, os apóstolos eram pessoas que desfrutamvam de uma vida
normal, viviam nas cidades, ocupavam seus ofícios. E nos lembra que João não
fez milagres. Não é o extraordinário, nem no extraordinário que Deus se revela
e no qual podemos O experimentar.
A parábola de hoje fala do joio no meio do
trigo. Fala de uma comunidade onde há conflito, imperfeições, mas onde aponta
um caminho – paciência, tempo, compaixão.
A Conferência de Lamberth de 2008, falando da
missão, frisa que devemos incluir a todos, e ser exemplo de participação
solidária na igreja e no mundo. Não é com poder e autoridade, com julgamento e
legalismos que vamos transformar nosso mundo e nosso viver.
Santo Agostinho dizia: “Só Deus conhece os Seus”.
Nossa igreja assume todos os dias, e em todas
suas celebrações, o acolhimento litúrgico e comunitário, em ações e orações, no
reconhecimento de que o Senhor é livre no seu agir.
Está claro, não podemos julgar, não temos a
capacidade de olhar e entender tudo plenamente. Não somos senhores da verdade e
do Evangelho. Apenas pretendemos caminhar no Seu Amor e na Sua Palavra.
A criação segue a esperar que os filhos de Deus
O revelem ao mundo. Mas a revelação dele não se dá com o poder, com a força,
como está claro no livro da Sabedoria: Ele domina Sua força!
De esperança em esperança, dizia Dom Paulo
Evaristo, Cardeal Arns. Esperança que não se vê, esperamos no que não vemos.
Mas podemos tocar, sentir, apalpar, mergulhar em Seu amor.
Sim, podemos!
Deus é amor, um amor que se fez e se faz carne,
corpo, justiça, Paz, solidariedade, luz, encontro salvífico. Jesus fala de
semente, semente de mostarda, do joio, do trigo, imagens comuns tiradas do
cotidiano da vida.
Jesus nos chama, e chama a todos a Seu
seguimento, a responder a sua vocação, a dar testemunho deste seguimento. È no
cotidiano da vida, do nosso viver que celebramos Seu Amor nos encontros com as
pessoas e situações a que estamos submetidos.
Nos encontros e nas celebrações podemos
alimentar nossa esperança e nosso viver no Santo Espírito, que derrama Sua
Graça de O percebemos no meio de nós, fracos e frágeis, humildemente, como uma
pequena semente, que escondida se faz vida.
Amor, paciência, misericórdia. Responder às necessidades
humanas com amor, revelando Seu agir na simplicidade. E os frutos, mansidão,
paz, solidariedade, fraternidade, serviço, justiça hão de aparecer e dar
testemunho de que seu Reino segue em nosso meio, mesmo com todas as nossas
limitações.
Confiemos e sigamos a viver de esperança em esperança,
de serviço em serviço, do Amor que nos salva.
Que a Graça do Senhor nos acompanhe pela vida
afora a nos proteger e guiar.
Muito obrigado.