Uma Igreja democrática, aberta, a minha querida Igreja. Desafios, limites, angústias mas com um coração que quer se encontrar com o Cristo vivo no meio da sociedade concreta. Uma Igreja viva, com espaço para a diversidade e para as mulheres e minorias. Um orgulho estar neste caminho....
Até o final de maio, anglicanos, cristãos em geral,
seguidores de outras religiões, até mesmo ateus e agnósticos, vão poder
participar, via Twitter, da escolha do novo arcebispo de Cantuária. A
Igreja Anglicana iniciou uma ampla consulta pública para elaborar a
lista tríplice de candidatos a ser apresentada ao primeiro-ministro
inglês, David Cameron.
A informação é da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 10-04-2012.
Em entrevista publicada no sítio web do arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, 62 anos, apresentou as razões que o levaram a renunciar ao cargo, que deixará no final do ano. Ele espera que o seu sucessor "tenha o porte de um touro e a pele de um rinoceronte".
Rowan atravessou, nos dez anos de mandato, um período muito conturbado na Comunhão Anglicana envolvendo temas da sexualidade humana, a ordenação de mulheres bispos, geradores de tensões internas e divisões. "A gestão de crises nunca é uma atividade favorita, tenho que admitir, mas também não é como se isso tivesse ofuscado tudo. Certamente foi um incômodo, mas em todo o trabalho em que você se encontra há controvérsias e conflitos e este conflito não irá embora de uma hora para a outra", disse na entrevista.
Williams olha para trás, nesses dez anos, definindo-o como tempo de "enorme pressão", mas também como tempo de abundância de convites para se engajar em todos os tipos de contextos, de muitas oportunidades e demandas.
O líder anglicano destaca realizações na Igreja da Inglaterra, nascidas no seu mandato, como o novo programa missionário "Fresh Expressions" (freshexpressions.org.uk), levando a comunidade religiosa a reconhecer a possibilidade de novos estilos de vida congregacional e de novos estilos de formação de ministros.
Também nasceu, no período, a nova Aliança Anglicana (anglicanalliance.org) de ajuda humanitária e desenvolvimento, promovendo um trabalho mais racional das várias agências voltadas a esse tipo de apoio. Viajar pela Comunhão Anglicana é "um grande privilégio" apontado por Williams. "Você recebe o acesso à vida de igrejas em todo o mundo de uma forma realmente única", disse.
E agregou: "Você por se tornar uma espécie de ‘central de comando' para boas notícias. Você pode receber uma boa notícia sobre o que está acontecendo em uma parte do mundo e passá-la adiante para outro lugar, e sentir-se muito enriquecido e engrandecido nesse processo".
O líder da Comunhão Anglicana buscou o diálogo com líderes de outras denominações cristãs, com lideranças de outras religiões e não fugiu do debate com ateus, como o cientista Richard Dawkins, o escritor Philip Pullman e o professor Tony Grayling. Ele não concorda que o cristianismo esteja "perdendo a batalha contra a secularização". Ainda existe um grande interesse pela fé cristã, mas também "muita ignorância e preconceito simplista sobre as manifestações visíveis do cristianismo".
Admitiu, contudo, que o papel público da Igreja, hoje, é mais contestado do que no passado. "Temos que conquistar o nosso direito de falar mais do que antigamente", defendeu. No final do ano, Williams assume o cargo de mestre do Magdalene College, em Cambridge, quando e onde espera ter mais tempo para refletir e escrever.
