APRESENTAÇÃO

Textos e silêncios pretende ser um espaço reflexivo ecumênico, fundamentalmente voltado para a vida concreta das pessoas a partir de textos e livros, mas também do caminhar contemplativo e meditativo, da vivência amorosa e solidária dos que, de alguma forma, partilharam comigo suas vidas, dores, sofrimentos e esperanças. A eles - e a vocês - devo a minha vida, o olhar que desenvolvi de existência e a experiência cristã do encontro com o Cristo servidor que nos salva. A eles sou devedor, minha eterna gratidão.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

MILAGRE

MILAGRE
Por ocasião do mês da bíblia de 2011 me senti obrigado a refletir sobre o ardiloso tema do milagre, já que o texto indicado para estudo – Êxodo de 15 a 18 – contêm inúmeros milagres.
Refleti longamente.
Eis o que arrisquei falar, lembrando que a vida é sempre um risco e devemos, sempre, ousar arriscar a serviço da vida:
1. O milagre é graça. Como graça é dada sem o nosso merecimento, de graça! Implica isso então que não pode ser comprado nem deve ser intermediado por falsos apóstolos e pastores que seriam portadores “misericordiosos” e pagos! A graça é por todos e todas derramado, restando o acolhimento e a abertura para ela Tal como uma frágil planta que deve ser posta ao Sol para viver, devemos estar abertos a ela, por uma vida que lhe acolha e alimente.
2. O milagre é fé. A fé que emerge de uma experiência objetiva e concreta com um Deus – Amor que se fez carne e serviço. Uma experiência contagiante, mas que não fica em palavras, considerações e rituais, mas numa entrega de todo o ser num processo de reviravolta e conversão (mudança drástica de caminhos, de atitudes e vivências). Jesus inúmeras vezes falou que “a sua fé te salvou!”, assim como disse que ali não pode fazer muitos milagres em função de falta de fé do povo. A fé, implicada em conversão, transforma vidas – a nossa e a de outros – gerando o inusitado, maravilhoso e milagroso, a experiência de partilhas, amor, vida.
3. O milagre é ver diferente! O agir de Deus se faz transformando os olhares e vivências, eventualmente cotidianas em manifestação da Sua presença. A chegada – sublime- de comida a um mendigo faminto, a acolhida a uma sofrida vitima de enchente ou o surgimento em terra de ninguém - a nossa periferia, largada e abandonada – de um hospital, resultado de luta, pressão e organização popular, é sim sinal da Presença atuante de Deus. Um deus que se fez carne – Jesus Cristo – e que se perpetua naqueles que O acolhem inspirados pelo Santo Espírito na Experiência de amor – serviço. Um Deus encarnado na luta pela vida, nas vivências amorosas e amplas de deus que está, sempre, a acolher, abraçar, amparar e proteger os excluídos – sofridos-esquecidos por nosso meio, no meio de nós. Vivenciamos isto nos olhares e experiências cotidianas e pessoais, mas também na luta contra todos os sistemas políticos, econômicos e religiosos que produzem esquecidos.

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