APRESENTAÇÃO

Textos e silêncios pretende ser um espaço reflexivo ecumênico, fundamentalmente voltado para a vida concreta das pessoas a partir de textos e livros, mas também do caminhar contemplativo e meditativo, da vivência amorosa e solidária dos que, de alguma forma, partilharam comigo suas vidas, dores, sofrimentos e esperanças. A eles - e a vocês - devo a minha vida, o olhar que desenvolvi de existência e a experiência cristã do encontro com o Cristo servidor que nos salva. A eles sou devedor, minha eterna gratidão.

sábado, 19 de julho de 2014

HOMILIA - o joio e o trigo 20.07.2014

HOMILIA – JOIO E O TRIGO
Sab 12, 13.16-19   Rom 8, 18-25   Mt, 13, 24-30. 36-43
A criação espera ansiosamente a revelação dos filhos de Deus.
O Evangelho fala de pessoas que questionam o semeador se ele tinha semeado uma boa semente, tendo em vista que observa joio no meio do trigo. Olhando a vida, a injustiça, a dor, o sofrimento, somos tentados a questionar a Deus e a Sua bondade, sua própria existência como Amor.
Procuramos a Deus no grandioso, no espetacular, no prodigioso, no milagroso. Como nos lembra São João Crisóstomo, doutor da igreja, em um de seus sermões, os apóstolos eram pessoas que desfrutamvam de uma vida normal, viviam nas cidades, ocupavam seus ofícios. E nos lembra que João não fez milagres. Não é o extraordinário, nem no extraordinário que Deus se revela e no qual podemos O experimentar.
A parábola de hoje fala do joio no meio do trigo. Fala de uma comunidade onde há conflito, imperfeições, mas onde aponta um caminho – paciência, tempo, compaixão.
A Conferência de Lamberth de 2008, falando da missão, frisa que devemos incluir a todos, e ser exemplo de participação solidária na igreja e no mundo. Não é com poder e autoridade, com julgamento e legalismos que vamos transformar nosso mundo e nosso viver.
Santo Agostinho dizia: “Só Deus conhece os Seus”.
Nossa igreja assume todos os dias, e em todas suas celebrações, o acolhimento litúrgico e comunitário, em ações e orações, no reconhecimento de que o Senhor é livre no seu agir.
Está claro, não podemos julgar, não temos a capacidade de olhar e entender tudo plenamente. Não somos senhores da verdade e do Evangelho. Apenas pretendemos caminhar no Seu Amor e na Sua Palavra.
A criação segue a esperar que os filhos de Deus O revelem ao mundo. Mas a revelação dele não se dá com o poder, com a força, como está claro no livro da Sabedoria: Ele domina Sua força!
De esperança em esperança, dizia Dom Paulo Evaristo, Cardeal Arns. Esperança que não se vê, esperamos no que não vemos. Mas podemos tocar, sentir, apalpar, mergulhar em Seu amor.
Sim, podemos!
Deus é amor, um amor que se fez e se faz carne, corpo, justiça, Paz, solidariedade, luz, encontro salvífico. Jesus fala de semente, semente de mostarda, do joio, do trigo, imagens comuns tiradas do cotidiano da vida.
Jesus nos chama, e chama a todos a Seu seguimento, a responder a sua vocação, a dar testemunho deste seguimento. È no cotidiano da vida, do nosso viver que celebramos Seu Amor nos encontros com as pessoas e situações a que estamos submetidos.
Nos encontros e nas celebrações podemos alimentar nossa esperança e nosso viver no Santo Espírito, que derrama Sua Graça de O percebemos no meio de nós, fracos e frágeis, humildemente, como uma pequena semente, que escondida se faz vida.
Amor, paciência, misericórdia. Responder às necessidades humanas com amor, revelando Seu agir na simplicidade. E os frutos, mansidão, paz, solidariedade, fraternidade, serviço, justiça hão de aparecer e dar testemunho de que seu Reino segue em nosso meio, mesmo com todas as nossas limitações.
Confiemos e sigamos a viver de esperança em esperança, de serviço em serviço, do Amor que nos salva.
Que a Graça do Senhor nos acompanhe pela vida afora a nos proteger e guiar.

Muito obrigado.

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