APRESENTAÇÃO

Textos e silêncios pretende ser um espaço reflexivo ecumênico, fundamentalmente voltado para a vida concreta das pessoas a partir de textos e livros, mas também do caminhar contemplativo e meditativo, da vivência amorosa e solidária dos que, de alguma forma, partilharam comigo suas vidas, dores, sofrimentos e esperanças. A eles - e a vocês - devo a minha vida, o olhar que desenvolvi de existência e a experiência cristã do encontro com o Cristo servidor que nos salva. A eles sou devedor, minha eterna gratidão.

sábado, 7 de julho de 2012

Conhecemos a Jesus?


CEBI

Rejeitado entre os seus - José Pagola

Sexta-feira, 6 de julho de 2012 - 19h16min
Jesus não é um sacerdote do Templo, ocupado em cuidar e promover a religião. Tampouco é confundido com um mestre da Lei, dedicado à defesa da Torá de Moisés. Os camponeses da Galileia vêm seus gestos curativos e nas suas palavras de fogo eles percebem a atuação de um profeta movido pelo Espírito de Deus.
Jesus sabe que lhe aguarda uma vida difícil e conflituosa. Os dirigentes religiosos irão enfrentá-lo. Esse é o destino de todo profeta. Não suspeita ainda que seja rejeitado justamente entre os seus, entre aqueles que mais o conhecem desde pequeno.
A rejeição de Jesus em seu povo de Nazaré foi muito comentada entre os primeiros cristãos. Três evangelistas recolhem a cena com todos os detalhes. Segundo Marcos, Jesus chega a Nazaré acompanhado de um grupo de discípulos e com fama de profeta curador. Seus vizinhos não sabem o que pensar.
Ao chegar o dia de sábado, Jesus entra na pequena sinagoga do povo e "começa a ensinar". Seus vizinhos e familiares apenas o escutam. Entre eles nascem todo tipo de perguntas. Conhecem Jesus desde criança: é um vizinho a mais. De onde ele aprendeu essa mensagem surpreendente sobre o Reino de Deus? De quem recebeu essa força para curar? Marcos diz que tudo "resultava-lhes escandaloso". Por quê?
Aqueles camponeses acham que sabem tudo sobre Jesus. Eles fizeram uma ideia dele desde pequenos. Em vez de acolhê-lo tal como ele se apresenta diante deles, ficam bloqueados pela imagem que têm dele. Essa imagem impede-lhes abrir-se ao mistério que esconde Jesus. Eles resistem a descobrir nela a proximidade salvadora de Deus.
Mais há ainda algo a mais. Acolhê-lo como profeta significa estar disponíveis a escutar a mensagem que lhes dirige em nome de Deus. E isso pode lhes ocasionar problemas. Eles têm sua sinagoga, seus livros sagrados e suas tradições. Vivem sua religião com paz. A presença profética de Jesus sempre pode quebrar a tranquilidade da aldeia.
Nós, cristãos, temos imagens bastante diferentes de Jesus. Não todas elas coincidem com aquelas que tinham os que o conheceram de perto e o seguiram. Cada um construiu nossa ideia dele. Essa imagem condiciona nossa forma de viver a fé. Se nossa imagem de Jesus é pobre, parcial o distorcida, nossa fé será pobre, parcial o distorcida.
Por que nos esforçamos tão pouco em conhecer Jesus? Por que nos escandaliza lembrar seus rasgos humanos? Por que nos resistimos a confessar que Deus encarnado é um Profeta? Será que intuímos que sua vida profética nos obriga a transformar profundamente sua Igreja?
Instituto Humanitas Unisinos (IHU)

CEBI - Centro de Estudos Bíblicos
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