APRESENTAÇÃO

Textos e silêncios pretende ser um espaço reflexivo ecumênico, fundamentalmente voltado para a vida concreta das pessoas a partir de textos e livros, mas também do caminhar contemplativo e meditativo, da vivência amorosa e solidária dos que, de alguma forma, partilharam comigo suas vidas, dores, sofrimentos e esperanças. A eles - e a vocês - devo a minha vida, o olhar que desenvolvi de existência e a experiência cristã do encontro com o Cristo servidor que nos salva. A eles sou devedor, minha eterna gratidão.

sábado, 8 de setembro de 2012

Homilia do dia 09 09 2012


Tivemos a honra de participar do Concilio da diocese de são Paulo da Igreja Anglicana que se encerrou neste sábado, onde foi eleito o Sr. Reverendo Flavio Irala para ser o novo bispo de nossa diocese, em substituição ao Sr. Reverendíssimo bispo Dom Roger Bird que em janeiro se aposenta. Esperamos que o Espirito Santo de Deus esteja a seu lado iluminando seus passos, para que possamos servir com alegria e devoção ao Senhor por todos os recantos em que passarmos.
Meus irmãos, minhas irmãs,
A Palavra de Deus nos fala hoje para sermos fortes, mesmo em uma situação de dificuldade. Foi escrita em um momento de extrema dificuldade na história do povo de Israel, no pós-exílio, como povo dominado e explorado e pedia uma atitude de esperança perseverante.
Na belíssima carta de Tiago Deus nos fala com simplicidade que o caminho do Senhor está escrito numa lei que é liberdade porque construída com amor, com escuta e acolhimento do outro e do diferente. A liberdade é construída com a doçura do amor e do testemunho do cuidado mútuo, do serviço, da fraternidade. O texto exemplifica nos falando da caridade e ponderação no falar, mas também no socorrer os órfãos e viúvas em aflição e dor.
Queridos, o evangelho deste dia nos fala de um surdo que falava com dificuldade que foi curado por Jesus. Pediram para que Jesus o curasse no meio do povo, por imposição das mãos. Jesus o faz de forma discreta, sem agir no meio de todos, sem deixar marcas e espetáculos. Jesus o afastou da multidão, olhou dentro dos seus olhos – em plena relação e comunhão amorosa. Jesus ainda insistiu para que não falasse nada a ninguém. Fez isto, segundo os biblistas, pois não quer que o identifiquem com um projeto messiânico de caráter davídico – em que o messias seria um rei poderoso como Davi, mas como vai paulatinamente desvelando por todo o Evangelho de Marcos, como um Deus servo sofredor. O toque de Jesus, a experiência direta com Ele – ontem como hoje – pode e deve fazer com que nos deliciemos em falar, cantar e testemunhar Seu amor, com atos, palavras e a entrega de toda a nossa vida.
Ocorre, porém, que isto só é possível se nos afastarmos da multidão, do burburinho, da agitação, do consumismo, da liquidez que faz escorrer a vida e a nossa humanidade. É preciso nos retirarmos do mundo insensato do poder, da arrogância, da “felicidade” comprada e vazia. É preciso cultivarmos o silêncio, silêncio em que se faz o vazio para que Deus nos fale e possamos ouvir. Ouvir Sua voz, vermos a concretude de Sua presença, nos deixarmos tocar, abraçar, acolher. Sentir nossa pequenez, nossa fragilidade, nossas dificuldades bem concretas e humanas.
Mergulharmos.
Permitir que Deus nos olhe, ampare e use para Seu serviço sabendo que Sua graça nos conquistou e haverá de guiar os passos de Sua Igreja, de seus amigos, de seus íntimos, pois são, em última instância, os Seus passos.
Que neste momento solene e auspicioso de renovação de nossa Igreja, que cada um e cada uma renove em sua vida seu encontro com o Cristo, que nossos encontros e vínculos celebrem Sua vinda, Sua presença em nosso meio, em especial pela presença do santo Espírito e da Santa Eucaristia.
Que tenhamos a graça e a proteção Dele para renovarmos a cada dia o amor e a paixão pelo Seu caminho, Sua Palavra, Seu agir.

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