APRESENTAÇÃO

Textos e silêncios pretende ser um espaço reflexivo ecumênico, fundamentalmente voltado para a vida concreta das pessoas a partir de textos e livros, mas também do caminhar contemplativo e meditativo, da vivência amorosa e solidária dos que, de alguma forma, partilharam comigo suas vidas, dores, sofrimentos e esperanças. A eles - e a vocês - devo a minha vida, o olhar que desenvolvi de existência e a experiência cristã do encontro com o Cristo servidor que nos salva. A eles sou devedor, minha eterna gratidão.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

A força do Evangelho - José Pagola


A força do Evangelho - José Pagola

Quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013 - 16h10min
O episódio de uma pesca surpreendente e inesperada no lago da Galileia foi redactada pelo evangelista Lucas para infundir alento à Igreja quando verifica que todos os Seus esforços para comunicar a Sua mensagem fracassam. O que se nos diz é muito claro: temos de colocar a nossa esperança na força e no atrativo do Evangelho.
O relato começa com uma cena insólita. Jesus está de pé na margem do lago, e "as pessoas vão-se aglomerando à Sua volta para ouvir a Palavra de Deus". Não vêm atraídos pela curiosidade. Não se aproximam para ver prodígios. Só querem escutar de Jesus a Palavra de Deus.
Não é sábado. Não estão congregados na sinagoga próxima, de Cafarnaum para ouvir as leituras que se leem ao povo ao longo do ano. Não subiram a Jerusalém para escutar os sacerdotes do Templo. O que os atrai tanto é o Evangelho do Profeta Jesus, rejeitado pelos habitantes de Nazaré.
Também a cena da pesca é insólita. Quando de noite, no momento mais favorável para pescar, Pedro e os seus companheiros trabalham por sua conta, não obtêm resultado algum. Quando, já é de dia, atiram as redes confiando apenas na Palavra de Jesus que orienta o seu trabalho, produz-se uma pesca abundante, contra todas as suas expectativas.
No ruido de fundo dos dados que tornam cada vez mais patente a crise do cristianismo entre nós, há um fato inegável: a Igreja está a perder de modo imparável o poder de atração e a credibilidade que tinham até recentemente.
Os cristãos, temos vindo a verificar que a nossa capacidade para transmitir a fé às novas gerações é cada vez menor. Não faltaram esforços e iniciativas. Mas, ao que parece, não se trata só nem primordialmente de inventar novas estratégias.
Chegou o momento de recordar que no Evangelho de Jesus há uma força de atração que não há em nós. Esta é a pregunta mais decisiva: Continuamos a "fazer coisas" a partir de uma Igreja que vai perdendo atrativo e credibilidade, ou colocamos todas as nossas energias em recuperar o Evangelho como a única força capaz de engendrar fé nos homens e mulheres de hoje?
Não temos de colocar o Evangelho no primeiro plano de tudo? O mais importante nestes momentos críticos não são as doutrinas elaboradas ao longo dos séculos, mas a vida e a pessoa de Jesus. O decisivo não é que as pessoas venham a tomar parte nas nossas coisas mas que possam entrar em contato com Ele. A fé cristã só se desperta quando as pessoas descobrem o fogo de Jesus.
José Antonio Pagola

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